domingo, 24 de março de 2013

quem entende o que eu quis dizer?

partiu a janela de vidro, mas não a cara do alvo.
[...] O vaso, herança de família, guardado por décadas, hora estático, outra arremessado, estava agora no chão, multiplicado em inúmeros pedaços de uma relação frustrada, o vaso,  atirado contra o alvo, destroçado como um coração, escancarado como a verdade doída. 
Os cacos, molhados pela chuva dos olhos, foram varridos friamente, após a partida do alvo, deixando pequenas partículas no chão, quase esquecidas nas lembranças, como algo que nunca existiu. No silencio sombrio. Caladas, repousado no chão da sala. 
Até que um dia, caminhando por ela, com os pés nus, a pequena ferida se arremeteu e foi então que se percebeu: o vaso, tal como o alvo, ainda feria, fazia sangrar, com seus minúsculos pedaços, que pareciam não mais existir, mas que agora estavam lá, presentes como o vermelho do sangue escorrido pelo chão e misturado ao que restava do vaso, que por mais varrido que fosse, mais partículas deixaria.
o alvo, o vaso, a ferida.

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