domingo, 5 de junho de 2011

Diálogo da ligação esperada...

- Será que liga?
- Talvez sim. Como você se portou?
- Normal, quer dizer... Não sei se causei uma boa impressão.
- Fala sério.
- Estou falando sério, não sei mesmo!
- Tá. Sempre rola dúvida nessas horas. Mas me diz, sobre o que vocês conversaram? 
- Sobre livros e afins...
- Nossa!
- Algo errado?
- Papo chato, né? 
- Chato?
- Você sempre com essas manias de tá conversando sobre livros e afins, músicas, coisas que ninguém conhece e que todo mundo acha super estranho. Tá na hora de se avaliar um pouquinho e sair dessa caixinha careta e previsível. Né?
- Sou previsível?
- Ás vezes.
- Não mente.
- Está bem. É previsível sim. Até demais.
- Como? Bem... Eu não sou tão previsível.
- Bom... prefira então acreditar que sim.
- Não sou mesmo.
- Quer que eu te diga o quanto você é previsível?
- Claro que sim e sei que não vai ser bem sucedida nessa tentativa.
- Bom, não sou eu que acorda super tarde todo dia depois de uma noite inteira na internet lendo porcarias baratas e escrevendo contos de auterego. Nem sou eu que prefere "amorangado" e odeia achocolatado. Nem sou eu que odeia chocolate preto e adora branco. Também não sou eu que não curte coca-cola e adora guaraná, sendo que a metade da nação sente repulsa por esse sabor. Não sou eu que adora musicais e séries norte americanas, nem tampouco lê somente livros de escritores internacionais - o que cá pra nós é um tanto errado, afinal, onde está o espírito ufanista nisso tudo? Também não sou eu que se apaixona pelas pessoas sem nem saber ao certo que se apaixonou e quando se dá conta do fato, cai no choro achando que o mundo está acabado. E pior ainda, não sou eu que adora tudo que está relacionado as áreas das humanas e mesmo assim finge adorar matemática só pra se convencer de que é capaz de lidar com aquilo que sempre foi uma pedra no seu sapato. Acho que tem mais. Não sou eu que adora se isolar, que odeia dançar, que odeia pagode, que odeia baderna, mas ao mesmo tempo adora união e companheirismo. Não sou eu que faço de tudo pra que essas duas coisas andem separadas, o que as vezes é impossível, por que amigos adoram baderna e bagunça e isso te deixa irritado e confuso. Não sou eu que sonha demais e age de menos e deixa as chances boas passarem por acreditar que não é capaz o suficiente. Aí caí na cama e se esconde atrás de um livro imenso que mais parece um tijolo com páginas, então deixa a vida passar diante dos seus olhos com um conformismo irritante. Então, nem preciso dizer mais tanta coisa, que acho que já foi o suficiente pra provar a teoria de que você é previsível, pelo menos por hora.
- Ah, tá! Confesso! Eu sei que sou assim, mas deu pra perceber tudo isso num encontro?
- Bem, se você foi tudo isso, acho que sim.
- Mas não seria legal se alguém gostasse de mim justamente do jeito que eu sou?
- Até que seria, mas...
- Mas o quê?
- A gente vive numa época em que nada faz sentido. Ás pessoas são muito utópicas, falam de mais, pregam de mais e praticam de menos.
- Mas e a parte de que o amor é cego, não vale?
- Amor? Num encontro?
- Por que não?
- Não é conto de fadas.
- Também não é de terror, né?
- Bem..
- E a parte de que as pessoas devem gostar das outras como elas são?
- Isso tudo é utopia, como já disse.
- E a parte de que devemos nos valorizar?
- Se o termo "valorizar-se" significa espantar as pessoas com o seu jeito natural de ser, então, acho melhor tentar assumir um personagem e viver atuando a vida inteira.
- Não acho que deva ser assim.
- Alô! Acorda! É a assim a vida meu bem, disponha se quiser!
- Quer saber de uma coisa?
- O quê?
- Não acho que precise ser assim.
- Sei... mais utopia por hoje não, né?
- Não, não se trata disso. Só quero dizer que não vou mudar o jeito que eu sou só pra agradar alguém. Não vou deixar de ser eu só pra fazer com que alguém se sinta bem. Não vou me deixar levar pela loucura de ter alguém do meu lado. Se ter alguém significa abdicar da minha maneira de ser, então prefiro ser eu. Assim, como sou. Cheio de defeitos, erros, estranhezas e brincadeiras fora de tempo. Prefiro ser eu. Completo. Não uma versão editada pra agradar a maioria. Não sou um filme que pode ser cortado em vários trechos, somente pra fazer com que todos pensem que aquilo é perfeito como parece ser. Eu sou assim, eu sou errado, mas o errado pode ser certo. Alguém pode pensar como eu.
- Bom. Belo discurso, mas não me convenceu.
- Mas acho que convenceu alguém.
- O quê?
- Meu celular acabou de vibrar.
- O que isso significa?
- Mensagem de texto e nela diz: Adorei de conhecer, ligo em breve.
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