sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

e... e... e...

[...] ouço o ventilador barulhento do outro lado da sala e o relógio tictaqueando na minha escrivaninha e as gotas de água caindo na pia e o meu coração pulsando em meu peito, tentando explodir de uma maneira quase suicida, e a TV ligada no outro quarto, sintonizada em algum programa fútil, desses que não merecem nem um segundo da nossa atenção e o sussurro baixinho do vento balançando a árvore da minha janela e  o silêncio explícito da minha solidão e observo pequenos detalhes, quase imperceptíveis durante o dia, então eu choro e começo a ouvir o meu choro baixinho, as minhas lágrimas secas, regradas, que caem sem motivo algum, rebeldes sem causa, que insistem em manter minha visão embaçada como os meus ouvidos preenchidos enquanto os automóveis zumbis vagam pela noite, em busca de atenção, em busca de sexo ou de diversão e continuo a observar e acendo um cigarro e volto a pensar e então escrevo e sinto que isso me reconforta e me faz esquecer um pouco os problemas e me faz bem, como você me faz tão bem e sinto o cheiro do meu perfume e lembro que meus planos eram dormir, mas que isso é impossível, pois minha mente não para de vagar procurando a sua mente, buscando suas lembranças, tentando ouvir a tua voz, sentir teu cheiro, o gosto do amor que você me deu e grito no meu silêncio, mas ninguém me ouve, porque esse grito é só meu, ele existe apenas em minha mente, e ele é tão alto que me faz ter medo e o medo se torna minha companhia e me trás os fantasmas que me assombram e aí não me sinto tão só, como quando lembro a nossa primeira vez, das minhas mãos tremendo, do teu corpo tentando imitar a minha timidez, das nossas vozes se fundindo, do nosso gozo profundo e inesquecível que ficará pra sempre gravado na minha memória, dos nossos passos no escuro, das nossas conversas vazias e sem rumo, das minhas declarações de amor e da tua indiferença perante a elas e ouço e lembro e caiu num transe de alucinações e deito minha cabeça no travesseiro e percebo que estou dormindo e sonhando e lembrando e que tudo isso não passou de outra loucura, que a minha mente fértil insiste em produzir toda vez que meu peito diz que é a hora da razão tomar conta da emoção... então eu acordo, e sinto outra lágrima escorrer e sinto meu corpo pedir descanso e fecho os olhos novamente e digo pra você, onde quer que você esteja nesse momento: eu te amo.
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