quarta-feira, 30 de março de 2011

Colégio (qualquer)

Outro dia estava voltando da faculdade quando então vi uma multidão aglomerada frente a um colégio qualquer, até então (qualquer), para mim. Havia uma intenção explícita, uma vontade de saber o que estava acontecendo, da parte de todo mundo que procurava de alguma maneira chegar até o ponto central em que todos estavam circulando. Era um jovem, garoto, criança. 16 anos não é o que pode se chamar de idade suficiente pra ter vivido tudo, pra ter certeza do que se quer ser, e saber diferenciar errado do certo. Se é que existe certo e errado, né? Talvez, não seja idade pra ter certeza disso. Não é idade pra nada. Nem pra ter sofrido demais ou ter sido feliz demais. Não é idade pra nada. É idade pra se divertir inconsequentemente e viver todos os momentos únicos, adquirir experiências e saber utiliza-las mais tarde. E foi justamente nessa idade que ele parou, tendo sua vida interrompida por outros jovens tão pouco experientes quanto ele.
Não queria falar sobre essa morte, venho por dias tentando evitar pensar nisso pq minha mente não processa facilmente tais acontecimentos. Aquela angustia fica lá, por semanas, até que um dia eu perceba que não lembro mais, ou então que eu lembre que já esqueci. Dá no mesmo. Ponto. Queria falar na verdade da tentativa frustrada de assalto, a que presenciei hoje, que vivi hoje enquanto voltava no mesmo ônibus de sempre passando em frente ao colégio (qualquer) que me faz ter péssimas lembranças e que anteriormente era apenas um bom lugar, aparentemente, pra estudar.
A aula termina as 6h00, no mais tardar 6h15 pra minha sorte. O que não é algo que deva ser levado em consideração. Mas, sempre volto 8h00, ou mais, para casa. Foi o que fiz. Peguei o ônibus de sempre e adentrei me dirigindo até a ultima cadeira. Sempre faço isso, na maioria das vezes. Até ai tudo bem, tudo parecia normal, sem graça, enjoativo. Fico enjoado com qualquer transporte que seja, mas não é algo que me impeça de viver. Pelo menos não me impediu de mexer no meu celular, de procurar alguma música pra ouvir enquanto a viagem tediosa seguia. Need You Now tocava, mas estava sem graça demais. Nesse momento o ônibus havia parado em frente ao colégio enquanto um grupo (não quero dizer de marginais, pq sei que nem todos partilham de adjetivos semelhantes) de alunos ia embora. Jovens, até. Duas moças, quatro rapazes, o que não sugere algo muito bom, fossem eles merecedores, minha mente não imaginaria tanta porcaria em relação ao lugar que eles estavam seguindo ou o ato que eles iriam fazer. Mas, né? Quando se tem raiva, fica difícil não querer ofender. Talvez estivessem seguindo pra o melhor lugar pra consumir um baseado sem levantar suspeitas. Enfim. E o ônibus parou.  Eu estava lá vasculhando a minha "playlist" horroroza:
Sing - My Chemical Romance
Na Na Na - My Chemical Romance
Tik Tok - Ke$ha
.....
Tudo clichê demais, até que algo aconteceu.
Uma sombra veio se aproximando enquanto o ônibus seguia parado.
Teenage Dream - Katy Perry (segui olhando)
Então o ônibus partiu e senti a mão tentando tomar o meu celular.
Leia meus lábios: VÃO-SE-FODER-BANDO-DE-MARGINAIS
Não sei o que senti, sentiria raiva maior se tivessem conseguido, mas no mais foi isso. 
Aquele colégio (qualquer) hoje pra mim reflete muito bem o nível de marginalidade que vivemos nos dias de hoje.

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